sexta-feira, 28 de junho de 2013

Às vezes

Às vezes o céu fica negro, tão negro que parece ter sido pisado por mil pés enraivecidos. Por estar maltratado, o céu chora. Chora horas a fio, dobrado sobre si mesmo. As pessoas vêem as suas lágrimas mas nada podem fazer para o ajudar. Entre o céu e as pessoas existe uma espécie de película que as impede de o tocarem. Só tocam nas suas lágrimas. Só provam a essência do seu ser que, às vezes,  está tão comprimido que parece não existir.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Caminho entre estações

Um passo apressado no meio da multidão,
alguém a espera do outro lado 
ainda não chegou a Primavera
mas ela já espreita pela janela,
enquanto o caminho convida à reflexão.

Os toques alaranjados de uma paisagem,
a areia quente que pisa e repisa, num jogo sem fim,
e ela pensa como é bom viver um Verão
ainda embalada pela metamorfose 
que começou dentro e fora de si.

Mas as folhas caem e perdem a cor,
os seus cabelos tornam-se brancos e leves,
uma chávena de café, um chocolate quente
o Outono que lhe traz a dor
tão breve e só, assim ela o sente.

E o caminho entre estações,
como pode num só fôlego ter terminado?
o Inverno bateu à porta, entrou e sem ser convidado
levou-a para o outro lado.
E assim ela chegou.

Daniela C. 

sábado, 8 de junho de 2013

Uma mão cheia e outra vazia

Existem actores extraordinariamente dotados em Portugal e outros que têm mais fama do que talento. Esta nova geração de "celebridades" que faz uma ou outra novela e já se considera actor/actriz tem muito que aprender. Lamento que em Portugal não se valorize a experiência e a idade reduza a possibilidade de trabalhar.
É claro que existem excepções, mas os maus exemplos são tantos que não é possível ignorá-los. No outro dia cruzei-me com uma dita "actriz" que fez uma ou outra novela. Estava à minha frente e tal como eu, esperava a chegada de um comboio. O ar de superioridade que exibia deixou-me verdadeiramente enjoada.
Outra vez fui almoçar a um restaurante e encontrei uma certa cantora a fazer exactamente o mesmo que eu. As pessoas com quem almoçava reconheceram-na e foram pedir um autógrafo. Eu compreendo perfeitamente que o local e o momento não foram os mais apropriados e desculpar-se com um sorriso seria bastante simpático, até justificável. Mas a atitude e o comportamento da senhora deixaram muito a desejar e de fãs, aquelas pessoas transformaram-se em anti-fãs.
É sempre engraçado verificar o comportamento de certas pessoas em palco e fora dele. No entanto, o que realmente conta é aquele que não tem um guião e não termina simplesmente quando se diz "corta".

sábado, 1 de junho de 2013

Nas Escolas...

A educação é uma das questões mais debatidas em Portugal. A falta de interesse demonstrada pelos alunos, as condições pouco favoráveis de algumas escolas, a falta de vocação para ensinar (nem todas as pessoas que se formam e estão aptas para iniciar a carreira docente têm talento para ensinar) são aspectos que tornam o ensino em Portugal pouco apelativo. 
Sempre cultivei a esperança de que algum dia os alunos e os professores pudessem trabalhar em conjunto de forma a criar um espaço agradável e que não fosse visto como uma obrigatoriedade. Durante o meu percurso académico, senti muitas vezes que estava ali a cumprir um dever e que a aprendizagem assemelhava-se a um castigo e não a um direito fulcral no desenvolvimento do ser humano. 
Continuo a lamentar que o ensino seja encarado desta maneira. Quando deparados com o insucesso dos alunos nas duas grandes áreas disciplinares, Língua Portuguesa e Matemática, o Ministério da Educação resolveu aumentar a carga horária e sobrecarregar os alunos com mais aulas extra ou aulas de apoio, como queiram chamar. O sucesso parte do individual para o colectivo. Tem de haver vontade e desejo de evoluir positivamente e ter em conta as capacidades de aquisição de conhecimento de cada indivíduo. A forma como as matérias são expostas tem o seu "quê" de questionável e pode ser considerada um entrave na progressão do estudante.
Mas existem sempre excepções à regra. Conheço professores magníficos, dotados de uma grande capacidade comunicativa e que fomentam o interesse dos estudantes que têm o privilégio de assistir às aulas. Assim como alunos exemplares que melhoram a educação em Portugal e tornam o ensino muito mais competitivo e útil.