sexta-feira, 26 de abril de 2013

Dicotomias

Gosto de escrever sobre dicotomias ainda que elas não sejam totalmente explícitas. Ultimamente o meu interesse recai sobre um homem e uma mulher que vivem vidas completamente diferentes. Ele está habituado a ter tudo. Ela já nasceu sem nada. Ele é o típico homem pelo qual todas as mulheres se sentem atraídas. Ela não tem qualquer tipo de charme.
Considero que seja um cliché, aliás, a minha intenção ao utilizar dicotomias nunca foi criar algo original. Na minha opinião é o enredo que determina se é um bom ou um mau cliché. O mesmo se aplica às personagens. As dicotomias ajudam o escritor a definir uma certa personalidade.
Acho quase uma missão impossível criar uma boa história onde as personagens são iguais. Vêem as mesmas coisas, sabem as mesmas coisas, pensam da mesma maneira... Tem de existir o lado desequilibrado da balança para que o leitor perceba que houve uma transformação. A dicotomia já não é tão evidente. Alguém contrabalançou o jogo e agora estão ambos numa boa posição para fazer xeque-mate.

domingo, 7 de abril de 2013

Colecção Haruki Murakami (Parte 2)

Haruki Murakami é sem sombra de dúvida um dos escritores de culto da actualidade. As personagens invulgares, os enredos fantásticos, a complexidade dos diálogos são atributos que nunca faltam nas suas obras. São as marcas distintivas de um autor já consagrado.
O meu primeiro contacto com a escrita de Haruki Murakami não foi dos mais memoráveis. "Sputnik, Meu Amor" foi a primeira obra que "li". Lembro-me de pensar que aquele estilo de escrita não era para mim. Não conseguia embrenhar-me na história. Não havia qualquer tipo de relação entre mim e aquele livro. Por isso desisti de o ler e procurei uma leitura mais segura.
Voltei a reencontrar Murakami numa ida a uma livraria um ano depois. "A Sul da Fronteira, A Oeste do Sol" estava bem posicionado na prateleira. Como não tinha nenhum livro em mente, resolvi dar uma segunda oportunidade à escrita e de certa maneira ao escritor.
O primeiro encontro foi um desastre. O segundo foi amor à primeira vista. Submergi de tal forma no mundo que Haruki Murakami criou que foi difícil voltar à realidade. Percebi que não estava preparada da primeira vez para compreender a escrita deste autor. Haruki Murakami é complexo e denso no seu processo criativo, ainda que muitas vezes escolha o modo mais fácil para transmitir a ideia. As obras exigem leitores inteligentes, talvez até com uma certa flexibilidade mental para entrar no mundo Murakami e não tomar nada como garantido.